Carl Barât e Miles Kane lançam albums a solo

•Outubro 23, 2010 • 1 Comentário

Duas importantes figuras do Indie Britânico (uma bastante mais que a outra) terão lançado até ao fim do ano os seus primeiros albums a solo, tendo já sido divulgado algum conteúdo e alguns comentários acerca da sua forma e função em várias entrevistas.

Miles Kane, vocalista, compositor dos The Rascals, parceiro de Alex Turner nos Last Shadow Puppets e uma das principais novas vozes de culto da música britânica vai lançar o seu primeiro album a solo até ao final do próximo mês. Este interessante e jovem compositor vai procurar sozinho o sucesso que não conseguiu ter com os The Rascals, e que na verdade merece, por força da maturidade e interesse das suas obras.

São boas notícias para todos os fãs de Miles e dos Last Shadow Puppets pois para além de o autor ter garantido que o seu novo material tem tanta qualidade como o da colaboração com Alex Turner, confirmou ainda que o duo vai voltar ao estúdio em 2011 para compor mais material.

Já está disponível o primeiro single deste seu novo album, chamado “Inhaler”, que poderão encontrar um pouco mais abaixo – é muito bom.

 

Também Carl Barât, a metade mais consciente da criatividade dos Libertines, e um dos maiores compositores ingleses da sua geração estreou-se, em Outubro, com o album a solo.

Depois de ter voltado a juntar a mítica banda londrina para uma série de concertos no verão e de ter acabado com o projecto Dirty Pretty Things – com o qual ainda lançou dois albums – Carl lançou este mês uma obra mais introspectiva, mais crescida e mais liberta da responsabilidade de ser a voz de uma geração do indie-rock.

Este é assim um album consideravelmente diferente daquilo que fez antes em ambas as bandas, e o primeiro single parece revelador disso mesmo – de uma obra com os contornos catárticos, românticos e sentimentais que o caracterizam mas uma musicalidade diferente, mais multi-direccionada, narrativa e … quem sabe, um pouco sobre-elaborada.

 

Miles Kane – Inhaler

Carl Barat – Run With the Boys

 

Para mais informação sobre o album de Carl Barat, cliquem na capa.

Mona – provavelmente mais do que ‘Princes of Leon’

•Outubro 21, 2010 • Deixe um Comentário

” There are three things that matter to me: faith, fighting and fucking.”

Directamente de Nashville, e com um estilo a condizer, vêm os Mona – uma das mais excitantes novas bandas dos últimos anos e uma que chamou muitíssimo a minha atenção. Com apenas um single lançado e uma demo divulgada via SoundCloud, os Mona já criaram buzz suficiente para marcar concertos no Reino Unido e serem entrevistados, entre outras, pela revista Clash, onde o líder – Nick Brown, proferiu aquela bela frase que tanto caracteriza a imagética a eles associada.

Ambiciosos, ao estilo Oasis, dizem querer ser a maior banda do Mundo, que o rock & roll é como um vírus que deve evoluir para se manter relevante e que, como tal, querem ser um ‘exemplo para os jovens de 14 anos a pegar em guitarras mas que na rádio só ouvem Black Eyed Peas’. A julgar pela qualidade das duas primeiras amostras, estes apaixonados rockers sabem do que estão a falar, cuspindo temas que em tantos aspectos fazem lembrar os seus conterrâneos Kings of Leon, mas que em tantos outros aspectos conseguem superá-los.

O seu estilo retro, o seu som poderoso, autêntico e enérgico juntamente com um excelente liricismo, promete a estes Mona um lugar ao sol e, quem sabe, a conquista do Mundo que tanto almejam. Pela minha parte, mal posso esperar por mais material deles, porque estes dois temas deixaram-me completamente a salivar.

Apreciem, e prestem muita atenção a próximos desenvolvimentos.

Lines in the Sand (demo)

Listen to Your Love (single)

The Kaviar & A*L*F – De Abrantes, Com Amor.

•Outubro 19, 2010 • 4 comentários

A colheita nacional mais recente deve-se a uma visita que fiz em Setembro a uma tal LanFestival que acontece todos os anos em Abrantes, e que ao misturar uma LanParty com um Festival de Rock (a última parte totalmente grátis) dinamiza todo o concelho e dá oportunidade a muita gente de ver excelentes bandas sem ter de ir assaltar a carteira da mãe.

Duas bandas naturais da cidade chamaram-me especial atenção, não só por fazerem boa música e por não representarem o franco snobismo de alguns senhores que já por lá passaram (*cof* MicroAudioWaves *cof*) mas sobretudo pela postura, pela genuína atitude e entusiasmo e porque são ambos um grupo impecável de rapazes.

Os primeiros, The Kaviar, soam a todo o pop rock alguma fez feito. Neles ouve-se desde a clara influência de bandas indie como os Jet (ex: Flight of Love) até a um pop rock mais vincado mas sempre divertidíssimo (ex. Ego). Tudo com uma chama e um swagger característico de quem sabe o que está a fazer e uma confiança que os torna absolutamente deliciosos ao vivo.

Tocaram este ano no Optimus Alive e abriram para Xutos e Pontapés na sua terra natal, recebendo rasgados elogios do Tio Zé Pedro que os referenciou como possíveis guardiões do rock Português. Se o serão ou não, não faço ideia. Que são obrigatórios ao vivo para toda a gente que goste, ainda que remotamente, de Rock and Roll, disso tenho a mais absoluta certeza.

Fiquem atentos à página de Facebook deles pois irão lançar um LP já no próximo ano. O EP, de nome Sevruga encontra-se disponível aqui.

 

The Kaviar MySpace

 

Come @ Music Box

(o único video que consegui encontrar dos kaviar ao vivo, de um user de nome pilasbadboy – not good )

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O segundo grupo de rapazes de que vos queria falar chama-se, por enquanto Amor Lança Farpas. Digo, por enquanto porque a sigla A*L*F é dinâmica, e conforme me foi dito por um deles, pode no futuro mudar para qualquer outra coisa.

Nada disto é relevante quando se ouve a música deles, não só porque são interessantes ao cantar em Português, como são mais complexos sua aproximação alternativa. Diametralmente diferentes dos Kaviar, os A*L*F fazem parte desta nova onda de surrealismo lírico e instrumental apoiado numa base rock. Mas estes são realmente criativos e bons ao vivo, distanciando-se da grande maioria dos outros. Numa altura em que bandas como os Pontos Negros andam tão na berra, não percebo como é que estes meninos ainda não têm mais visibilidade.

Melhores a aproveitar o YouTube do que os seus conterrâneos, os A*L*F já deram alguns concertos pelo país, portanto fiquem atentos e vão vê-los porque para além de serem uns bacanos e de darem bons concertos, este rapazes sabem como fazer música interessante.

A*L*F Facebook :: A*L*F MySpace :: A*L*F Last FM

Elefante @ LanFestival 2010


Carlos Santana – Guitar Heaven . Os clássicos.

•Outubro 18, 2010 • Deixe um Comentário

Um dos mais importantes e particulares guitarristas de sempre, decidiu no 18º album da sua carreira, fazer uma homenagem aos grandes clássicos do rock&roll. Aquelas músicas que todos admiramos como hinos da guitarra e como peças fundamentais da história musical.

Com a ajuda de uma série de convidados de luxo, como Joe Cocker, Chris Cornell, Rob Thomas ou Chris Daughtry, a acompanhar na voz, Santana cobre Jimi Hendrix, Zeppelin, os Beatles, os Doors, os Stones, os Creedence Clearwater Revival (caso adquiram a versão Deluxe) entre muitos outros.

Sendo um album de Carlos Santana, obviamente que estas versões têm alguns elementos mais latinos, mais percussões e, no geral, um feel bastante mais quente e deslizante. No entanto, no que se refere ao instrumento que importa, o homem sabe o que está a fazer, e homenageou estes autores em toda a sua particularidade mas também em toda a sua virtuosidade.

Aqui ficam alguns exemplos. Vão à procura, vale a muito a pena.

Whole Lotta Love – Zepp / ft Chris Cornell

Can’t You Hear Me Knocking – Stones / ft Scott Weiland

Little Wing – Henrix / ft Joe Cocker

Tributo a John Lennon

•Outubro 16, 2010 • Deixe um Comentário

O génio criativo dos Beatles, aquele cuja compreensão do mundo fugia à regra, aquele que se orgulhava da sua independência intelectual, aquele que nos mostrou o coração e a alma em albums intimistas e universalizou um sentimento com uma música, uma das figuras mais marcantes do século XX, fez há dias 70 anos.

Para nós que ouvimos diariamente a música que fez, que ficamos fascinados com a contemporaneidade do seu discurso em entrevistas, e da honestidade intelectual com que sempre sublinhou todas as suas obras, é estranho associar-lhe uma idade. Ele é intemporal na significância das suas palavras mas ao mesmo tempo, figura máxima de uma época.

Que a genuinidade e a honestidade da pessoa que foi seja a marca definidora da sua passagem, e que a sua música seja veículo dessas qualidades. Que nunca se esqueça aquele que não é um mártir, não é um Deus, não é um Beatle – era um homem simples com desejos sinceros, que nunca traiu a sua personalidade e crenças e que pela força dessa coerência influenciou milhões de pessoas. E a mim também.

Obrigado John. Por teres, simplesmente, sido.

A melhor versão da que, para mim, é a sua música mais bela:

Love, de John Lennon & Plastic Ono Band

Yer Blues, dos Beatles, tocada na companhia de Eric Clapton, Keith Richards e Mitch Mitchell.

Definitely Maybe . Oasis

•Setembro 1, 2010 • 1 Comentário

Quando pensamos em Oasis, e no que eles são conhecidos em Portugal, vem-nos imediatamente à cabeça músicas como “Wonderwall”, “Don’t Look Back in Anger” e, se o conhecimento já for ligeiramente maior, a “Champagne Supernova”. Todas essas músicas são da segunda fase dos senhores de Manchester, do seu segundo album – (What’s the Story) Morning Glory? – aquele que apenas tirou as teimas e os tornou em super estrelas mundiais, cujas músicas eram cantadas por toda a Europa e que lhes deram ganas de ir partir hotéis, snifar coca e beber Jack Daniels por todo o mundo.

Pouco conhecido senão no Reino Unido é o seu primeiro album, aquele que virou a cena musical inglesa do avesso e começou o fenómeno da Britpop. Aquele que foi na altura o album de estreia que mais rapidamente vendeu na história da música britânica (recorde ultrapassado recentemente pelos Arctic Monkeys), aquele que começou a lenda e é hoje considerado um dos melhores albums de sempre pelos leitores de, virtualmente, qualquer publicação daquele país – esse album é Definitely Maybe.

Numa altura em que a música inglesa se virou para dentro, e começou a batalhar o domínio americano dos últimos 10 anos, começou-se a privilegiar a música com sabor britânico, com sotaque britânico, com uma essência quase regionalista que permitisse galvanizar uma cultura numa séria crise de identidade. Os londrinos Suede começaram por partir a casa nos corporativos Britawards de ’93, e no mesmo ano os Blur lançavam uma ode à vida britânica e ao anti-corporativismo Americano com “Modern Life is Rubbish“. Entretanto uma pequena banda de Manchester, com um nome pouco original, fazia tournées consecutivas pelo país numa pequena carrinha alugada, ganhando aos poucos a curiosidade e a devoção de muitos.

Essa banda de nome pouco original era liderada por um tímido Noel Gallagher que escrevia canções em casa, sem qualquer propósito de quebra com o mainstream americano e sem qualquer ambição de ser o porta estandarte da cultura britânica. Ele simplesmente escrevia nos momentos de ócio, nos intervalos dos seus vários empregos na construção civil, inspirado nas suas bandas favoritas, no que tinha ouvido como miúdo de uma classe trabalhadora de uma Manchester empobrecida.

Com os pelos Beatles, Rolling Stones, T-Rex, Stone Roses (seus conterrâneos e figuras pivotais da Madchester scene), The Smiths e tantas outras bandas americanas e inglesas  como pano de fundo, Noel escreveu contos de ingénua ambição em ser uma estrela de rock, de aproveitar a vida com os amigos, de absoluta liberdade, de que não é preciso mais nada senão um maço de cigarros e uns copos (so true…), canções de amor sem qualquer tipo de intelectualidade forçada e, ocasionalmente, puras rockalhadas agressivas e directas como há muito não se via.

Esta universalidade do seu som, e de que como ao mesmo tempo que eram tipicamente ingleses não tinham quaisquer ambições intelectuais ou artisticamente evoluídas, criou-lhes uma legião de fãs enorme mesmo antes de lançarem o seu album de estreia. As pessoas queriam rock puro para se divertir, e era isso que os Oasis distribuíam em remessas de volume altíssimo e pela tão característica voz de Liam Gallagher, na altura com 19 anos, que foi a cereja no topo das composições de Noel.

Quando lançado, em Agosto de 1994, Definitely Maybe vendeu 86 mil cópias na primeira semana e com hinos como “Live Forever” – considerada por muitos a melhor música inglesa alguma vez escrita – rockers como “Bring It On Down e “Columbia”, tratos de rebelde jovialidade como “Cigarretes and Alcohol” e “Supersonic” e músicas de doce romantismo e melodia como “Slide Away”, era certo que este seria um dos albums definidores de uma década de mudança. É sobre os ombros deste que assenta tudo aquilo em que pensamos quando falamos em Oasis, e com o lançamento de Parklife (dos Blur) no mesmo ano, nada mais seria igual na música britânica – para sempre.

A primeira música colocada neste blog – Rock & Roll Star – é a primeira música desse album e dá o título a este vosso querido espaço. Também  “Cigarettes and Alcohol” também pode ser encontrada no post sobre os Beady Eye. Enjoy 😉

Live Forever:

Supersonic:

Slide Away (acústica):

Live#5 – Five Years. David Bowie @ BBC2 (1972)

•Agosto 31, 2010 • Deixe um Comentário

O camaleão da pop, como é banalmente chamado, teve no início dos anos 70 a sua mais prolífica fase de criatividade e de invenção e reinvenção. David Bowie não queria ser só um artista, queria ser um ícone, queria ser o maior artista que o mundo alguma vez tinha visto e não foi um caminho fácil.

Depois de andar a bater com a cabeça em mil e uma editoras, agências de publicidade e castings, Bowie teve finalmente a sua oportunidade depois de escrever Space Oddity, a sua grande primeira canção e aquela que, factualmente, lhe abriu as portas de que precisava para brilhar. Essa primeira fase da sua carreira foi uma de experimentação, de absoluta inconstância, desde a figura andrógina de Hunky Dory até ao glam de The Man Who Sold the World, mas foi a figura de Ziggy Stardust e o album que daí surgiria que catapultou de facto Bowie para o super estrelato e o cimentou como uma figura intemporal.

Five Years é a primeira faixa desse fantástico concept album chamado Ziggy Stardust and the Spiders From Mars: o mundo vai acabar daqui a 5 anos, e de repente tudo ficou de pernas para o ar. Grande música, ainda maior album da fase mais criativa de um dos mais criativos artistas do nosso tempo.

Obrigado à Rita Mourato por me ter lembrado desta música no Facebook por meio desta fantástica cover de Brian Molko.

” so many people, all the short fat people, and all the nobody people, and all the somebody people … i never thought i’d need so many people “

Vídeo interactivo dos Arcade Fire / Portugal . The Man

•Agosto 30, 2010 • Deixe um Comentário

E o The Stars That Shine está de volta! Depois de um longo período de férias  vamos lá ao que interessa.

O novo album dos Arcade Fire, “The Suburbs”  já por aí anda, lançado no começo de Agosto e começam agora a ser lançados os vídeos de algumas das melhores músicas. Uma das melhores faixas deste novo album “We Used to Wait” tem agora uma forma bastante original de ser experimentada.

Mediante entrada em http://thewildernessdowntown.com/ podem indicar o sítio em que passaram a maior parte da vossa infância. Caso tenham sorte e haja bastante cobertura de Google Street View / Google Earth nessa área, assistirão ao vídeo de alguém a correr por uma rua enquanto, simultaneamente, se vê um pontinho preto a correr pela área, ou mesmo rua, que indicaram – com alguns efeitos artísticos à mistura.

É uma forma bastante original de ligar a música e, no fundo, o conceito fundamental do album à tecnologia da Google e o efeito final é bem interessante, constituindo como que uma viagem personalizada à infância de cada um. Neste site poderão perceber melhor as tecnologias associadas à produção desta interactividade.

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Uma das bandas que mais me chamou a atenção neste período foram os Portugal . The Man. Sim, é este o nome, sim é assim que se escreve e não, não sei porque raio a banda originária do Alasca decidiu usar o nome do nosso país para se denominar. O que sei é que um dos seus albuns, “The Satanic Satanist” é um album rock que faz todo o sentido nesta época estival.

Esse album, de 2009, é a definição de um indie rock leve, divertido, quase etéreo em algumas das faixas mas musicalmente muito diverso. Raramente ultrapassando a marca dos 3 minutos, esta banda que em outros albuns fez grandes hinos prog e psy rock, tem neste album uma marca muito mais clássica, muito mais audível pelo apreciador comum.

É uma superficialidade extremamente tolerável e bem vinda que dá vontade de ouvir ate à exaustão. Linhas como “what a lovely day, yeah we’ve won the war, may have lost a million men but we’ve got a million more” são de um optimismo contagiante e faixas como “Lovers in Love” serão sempre agradáveis sem nunca cruzarem a linha do ridículo de um pop rock pastilha.

Experimentem. Tem sido a banda sonora do meu verão. E que belo nome eles têm ein? 😉

“People Say”

“Lovers in Love”

“The Sun”

Live#4 – Wild Thing. Jimi Hendrix @ Monterey Pop Fest

•Junho 28, 2010 • Deixe um Comentário

O festival de Monterey, feito no verão de 1967 em São Francisco, é subvalorizado pelo mediatismo cultural dos seus sucessores, nomeadamente Woodstock, mas tem o mérito de ter sido o primeiro festival Rock com relevância nacional e o principal impulsionador do “Summer of Love” que tanto se atribui a Woodstock. Quando este último aconteceu, já o movimento estava em declínio. Aqui, estava na sua plenitude.

Nomes como os Jefferson Airplane, os The Who, Otis Redding, The Mamas & The Papas rechearam um festival onde o público americano, em grande escala, finalmente conheceu Janis Joplin e Jimi Hendrix.

O virtuoso guitarrista havia vivido em Londres nos últimos anos, formando a sua banda e criando uma reputação que ainda não tinha em solo Americano, e por isso, todos os olhos estavam naquele que os britânicos diziam que era um prodígio da guitarra superior a Eric Clapton. E que show ele deu.

O vídeo que vos trago é a perfeita destilação do artista que Jimi Hendrix foi ao longo da sua curta mas intensa carreira. A excentricidade que definiu toda uma nova forma de tocar guitarra, o virtuosismo de quem, mesmo com uma guitarra desafinada (reparem nos primeiros segundos) consegue criar a mais espetacular rendição de Wild Thing alguma vez vista e, no fim, como se já não bastasse, criou um dos momentos pivotais dos anos 60, pegando fogo à guitarra que tanto ama e criando à sua volta um mito que irá perdurar para sempre.

O resto da trágica história já sabemos. Foi aqui que ela levantou voo.

Art Brut – modern art makes me want to rock out

•Junho 26, 2010 • Deixe um Comentário

Os Art Brut são uma banda britânica que faz rock&roll. Compreendido até aqui? Ok, agora mantenham-se comigo. Os Art Brut são consideravelmente diferentes de tudo o que eu já vi – parecem tudo e nada do que já foi feito antes deles. Os Art Brut são básicos em conceito mas complexos em forma. Os arranjos de guitarra, baixo e bateria são vibrantes, interessantes e  e servem de fundo a letras recitadas por um vocalista do mais carismático que já encontrei. Ele não sabe cantar e também não precisa. As suas letras são tão simples, tão fúteis, tão pouco crípticas, que frequentemente soam quase infantis parecendo extraídas do seu diário pessoal. Isto confere à banda uma certa aura de rebeldia contida, uma qualidade quase caricatural que os torna genuínos e divertidos.

A figura desta personagem – Eddie Argos – é do mais caótico que alguma vez se viu num frontman. O seu ar desarranjado e deselegante é um poema cómico ao iconismo do rock and roll e consegue atrair na mesma medida que repugna. A forma como canta e como tudo o que diz, por mais ridículo e ironizado que seja (“and this, unfortunetly, is my singing voiceFormed a Band) parece verdadeiro e honesto é grande parte do que os torna originais relativamente a outras bandas, que tentam deliberadamente voltar às origens do rock e, ao mesmo tempo, ter tomates. O som que produzem é poderoso na simplicidade dos licks das guitarras, divertido nos arranjos e na ambiência que vai para além daqueles padrões chave do retro-rock mas é, sobretudo, arrojado e energético . Todas estas características fazem com que sejam absolutamente brilhantes ao vivo.

Nunca um nome de uma banda, juntamente com o nome do seu primeiro album “Bang Bang Rock & Roll” fez tanto sentido na sua caracterização.

São brutos, de facto … e eu gosto.